Hoje fomos à biblioteca da nossa escola ouvir falar de histórias, e falar de histórias.
O objetivo era que cada criança resumisse uma história que tivesse gostado de ler.
Depois de vários meninos falarem e recontarem as histórias da sua preferência, a professora Idalina começou a contar-nos a história de um menino muito traquina que passava a vida a fazer asneiras e a meter-se em alhadas...
A história "reza" assim:
Era uma vez um menino chamado Pedro Malasartes. Ele tinha este nome porque estava sempre a fazer disparates. Qualquer recado que a mãe o mandasse fazer, vinha sempre um disparate a caminho. Por exemplo: a mãe trazer para casa um pano comprido de linho e dizer que servia para tapar os seus buraquinhos e, o Pedro Malasartes, enquanto a mãe tinha saído, começar a cortar o pano e tapar os buracos da casa.
No dia seguinte, a mãe mandou-o ir à feira, comprar um porco e trazê-lo para casa com cuidado e a mãe encontrá-lo a meio caminho de casa com o porco às costas.
Alguns dias mais tarde, a pobre senhora mandou o filho ir comprar um vaso e ele trouxe o vaso amarrado a um cordel, tal como a mãe o tinha ensinado a trazer um porco.
No dia seguinte, a mãe queria pregar um botão e mandou o Pedro ir a uma loja comprar agulhas. Quando Pedro ia a caminho de casa, viu um carro com palha que ia para perto da casa dele. Pediu-lhe boleia, e enfiou as agulhas dentro da palha, tal como a mãe o tinha ensinado a fazer com um vaso.
A mãe, já com medo de o mandar fazer recados, um dia, mandou-o ir lavar tripas que ela tinha comprado para guisar. A mãe disse a Pedro que ele só voltasse quando tivesse a certeza que as tripas estavam bem lavadas, mas como Pedro Malasartes não sabia ver se as tripas estavam bem lavadas a mãe disse-lhe que perguntasse a alguém que fosse a passar. Como Pedro não via ninguém lavou as tripas muitas vezes. Até que passou um barco e Pedro chamou-o para perguntar se as tripas estavam bem lavadas. O dono do barco, pensando que o Pedro queria boleia parou o barco e ficou furioso quando viu que o Pedro só queria que eles vissem se as tripas estavam bem lavadas. Então, os passageiros saltaram para terra, deram-lhe pancada e disseram para Pedro dizer que soprasse muito vento.
O Pedro foi-se embora e encontrou ceifeiros e começou a dizer que o que era preciso era que soprasse muito vento. Os ceifeiros ficaram furiosos, bateram-lhe e disseram que o que era preciso era que não caísse nenhum.
O Pedro foi-se embora e passou por um campo onde estavam homens com uma rede para apanhar pássaros. O Pedro passou e disse que o que era preciso era que não caísse nenhum. Os homens ficaram furiosos, bateram-lhe e berraram que o que era preciso era que houvesse muito sangue.
O Pedro Malasartes foi-se embora e viu dois homens a lutar e começou a gritar dizendo que houvesse muito sangue. Os homens ficaram furiosos, bateram-lhe e disseram que o que era preciso era que Deus os desapertasse.
Depois, ele ia a passar e viu um cortejo com um casal acabado de se casar. O rapaz começou a gritar que deus os desapertasse. Os convidados ficaram furiosos e disseram para ele dizer daqueles cada dia um.
Pedro Malasartes continuou o seu caminho e encontrou um funeral de um homem muito estimado naquela terra e então o Pedro começou a gritar que daqueles cada dia um. As pessoas ficaram furiosas, bateram-lhe e disseram que Nosso Senhor o levasse direitinho para o céu.
Ele continuou a caminhar e viu muitas pessoas que iam para a Igreja baptizar um menino. Então gritou que Deus o levasse direitinho para o céu. Os padrinhos ficaram furiosos e foram ter com o Pedro para lhe baterem, mas o Pedro desatou a correr.
Se o Pedro Malasartes não tivesse chegado a casa ainda naquele dia, teria andado a levar tareia do mundo inteiro.
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